(Por Gabriela)
Eu já estou devendo este Post há algum tempo e resolvi que este seria o momento mais apropriado. Eu sou louca por Jorge Amado, aliás, quem não é? Até meu nome vem de um romance do Jorgito! Mas, a história mais marcante sempre foi a que contava a vida de diferentes crianças e jovens que moravam em um velho trapiche e viviam do fruto do banditismo nas ruas de Salvador. A narrativa é tão linda, inspiradora e interessante que passamos a enerxergar aqueles meninos com outros olhos. A valentia de cada um, a história de cada vida abandonada, a falta de medos e o lindo amor de Pedro Bala e Dora marcaram a adolescência de muitos. E olha que tudo isso foi escrito em 1937, hein? É, acho que Jorge Amado tem a sua parcela de culpa na definição deste caminho que escolhi seguir…
Daí que o livro Capitães da Areia virou um lindo filme, integralmente baiano e dirigido pela neta do Jorge: A Cecília Amado. Como a minha amada tia Arany Santana (sim, a irmã da minha mãe) é atriz e participou das gravações para encarnar lindamente a mãe de Santo Aninha, eu tive acesso à algumas informações que me fizeram amar ainda mais essa produção! Todas as crianças que trabalham no filme são baianas e viviam em situação de risco. A idéia era aproximar o romance da realidade das ruas de Salvador e, por isso, não foram recrutados atores, mas capitães da vida real. Durante os meses de gravação, todos eles passaram a frequentar a escola e desenvolveram o amor pela arte ao descobrirem suas capacidades e vocações para representar! O filme vai muito além da arte e se tornou um verdadeiro projeto social que levou educação, amor e esperança para estas crianças e suas famílias (nhoi!)
Aqui na África existem muitos Capitães da Areia e as ruas estão cheias dessas mesmas carinhas que acostumados ver no Brasil. Por aqui existe o famoso fenômeno das crianças bruxas, conhecidas como schegués. Muitas famílias acreditam que suas crias estão possuidas por alguma feitiçaria e estes menores vão parar nas ruas, engrossando o número de crianças abandonadas em situação de risco. Essa crença não passa de uma manobra psicológica para que os pais possam abrir mão dos filhos que não podem criar. O único problema é que muitas crianças realmente acreditam que são bruxas e que são capazes de fazer o mal. Hoje existem algumas organizações bem bacanas e pessoas incríveis que trabalham com esses menores na tentativa de levar abrigo e, sobretudo, muito amor para suas vidas. Mas, isso é matéria para outro post… aguardem!
Por enquanto ficamos com a recomendação de que assistam ao filme (fica a delícia do trailler para aguçar o gostinho de quero mais) e uma imensa saudação à linda obra de Jorge Amado e à linda Bahia dos meus sonhos, dos seus encantos e axés! Salve Jorge! Salve a Bahia! Salve a África! Salve a Capoeira! Salvem as crianças!
PS – Estou fazendo Capoeira! Já tive duas aulas….