(Por Gabriela)
Ainda na trajetória de mulheres admiráveis, hoje, em homenagem ao aniversário de uma delas, falaremos de uma pessoa muito especial que além de ser minha tia do coração é um símbolo do Vibe. Arany Santana é uma dessas mulheres para a qual a gente deve bater palmas de pé. Natural da rica cidade de Amargosa/Bahia, professora, pedagoga, linda atriz, mãe maravilhosa, ela é fundadora do Movimento Negro Unificado Contra a Discriminação Racial 13 de maio de 1978 e Diretora do Ilê Aiyê que será objeto de outro Post do Vibe. Em 2004 assumiu a recém criada Secretaria Municipal da Reparação Social, sendo a única representante negra do governo municipal e com o propósito claro de corrigir injustiças que se perpetuam contra os negros na sociedade e em 2010 assumiu a Secretaria Estadual de Desenvolvimento Social e Combate à Pobreza (Sedes). Hoje é diretora do Centro de Culturas Populares e Identitárias – CCPI (https://www.facebook.com/pages/Centro-de-Culturas-Populares-e-Identit%C3%A1rias-CCPI-SECULT-BA/255410127822397). É praticamente impossível mencionar todas as atividades desempenhadas por essa mulher de mil faces mas fica clara a sua marca, deixada no campo da educação e da valorização da cultura negra no Brasil.
O primeiro passo dessa trajetória foi fazer uma faculdade para se tornar professora de língua portuguesa e de história da África para o ensino médio por acreditar que a educação é o caminho para ascensão das pessoas. O seu compromisso foi dar aula para soldados de polícia, enfermeiras, camelôs, sendo eles jovens e adultos do período noturno, um turno marginalizado nas escolas. Além disso, ela também é especialista em Cultura Kikóongo e se tornou Assessora da Secretaria de Educação do Estado da Bahia em assuntos Afro na intenção de valorizar o negro e a importância da cultura negra dentro de uma sociadade economicamente dominada por uma minoria branca.
Entre os vários prêmios de reconhecimento do seu trabalho, Arany recebeu o diploma “Destaque Mulher” da Assembléia Legislativa do Estado, pela atuação nas áreas educacional e artística e no trabalho de preservação e divulgação da cultura negra, o Troféu UJAAMA – Mulher Destaque/97 – promovido pelo Olodum – pelos trabalhos realizados na área da cultura e do conhecimento e o Prêmio Itaú UNICEF pelo Projeto Pedagógico do Ilê Aiyê em 1996. Em 1995, também foi agraciada com o Troféu “Clementina de Jesus”, realizado pela UNEGRO, pelos trabalhos realizados em prol da Comunidade Negra, e, em 2004 recebeu a Medalha 2 de Julho da Prefeitura Municipal de Salvador.
Mas, no fundo, este Post é em homenagem aos meus avós, o marceneiro Buico e a costureira Áurea que criaram todos os seus sete filhos neste ambiente de amor e os ensinaram à valorizar suas raízes, suas conquistas e seu povo. Eles são a real inspiração para que seus filhos saibam, hoje, buscar suas verdades. Por estas e outras que nós queremos ser Arany Santana e a parabenizamos imensamente pela conclusão de mais um ciclo de vida. Por fim, deixamos uma frase dessa guerreira: Não tenho olhos azuis, nem verdes, mas tenho grande vivência e experiência, e acredito que podemos mudar esse quadro que aí está